26 set. 2023
|
Aprox. 5 min.
Recovery: Uma Abordagem Holística para a Saúde e Bem-Estar do Atleta
Descubra o recovery holístico para atletas! Aprenda modalidades de recuperação de ponta, segredos do Athletico Paranaense e alcance seu máximo potencial. Prepare-se para uma nova dimensão de desempenho esportivo!
O termo "recovery" é amplamente utilizado no mundo do esporte e abrange várias facetas relacionadas ao processo de restauração das condições fisiológicas e psicológicas de um indivíduo ao longo do tempo. É por meio do recovery que a sensação de fadiga e cansaço gerada por atividades de alta intensidade é equilibrada e controlada. Exploraremos como esse processo, tão utilizado pelo Club Athletico Paranaense, ajuda a extrair o melhor de nossos atletas.
É importante ressaltar que o processo de recovery é contínuo, ou seja, estamos constantemente nos "fadigando" e nos recuperando para alcançar níveis elevados de performance. Quando esse equilíbrio não ocorre, ou seja, quando a fadiga não é devidamente equilibrada com o recovery, podemos estar mais propensos à queda de desempenho e, em casos crônicos, até mesmo à Síndrome do Over Training, uma condição que requer tratamento médico e afastamento completo das atividades.
Segundo o consenso de Recovery (Kellmann e colaboradores, 2018), as modalidades de recovery podem ser classificadas como passivas, ativas ou pró-ativas. Os métodos passivos incluem técnicas de aplicação externa, como massagem, bem como descanso e sono, que não dependem de fatores externos. O recovery ativo envolve atividades físicas que visam restabelecer o metabolismo fadigado, como corrida leve, ciclismo, alongamentos e exercícios leves de mobilidade articular. Já as atividades pró-ativas são aquelas que envolvem o engajamento social e a interação, levando em consideração as necessidades e preferências individuais dos atletas.
Na figura a seguir, podemos visualizar diversas modalidades de recovery divididas em uma pirâmide, com as que possuem mais evidências científicas na base e as com menos evidências no topo.
Dentre todas as modalidades de recovery, o sono ainda é considerado o mais efetivo e possui maior respaldo científico. A privação crônica de sono ou sua repetição inadequada pode acarretar graves consequências para a saúde, como prejuízos à memória e aprendizado, redução da atenção, alterações de humor, risco de desenvolvimento de doenças psiquiátricas e enfraquecimento do sistema imunológico. No caso dos atletas, o sono de má qualidade aumenta os casos de fadiga e lesões, resultando em perda de sessões de treinamento e preparação inadequada para as competições.
Um estudo realizado por Milewski e colaboradores identificou que atletas que dormem em média menos de 8 horas por noite têm 1,7 vezes mais risco de sofrer lesões em comparação com aqueles que dormem 8 horas ou mais.
Por essa razão, cada vez mais atletas estão sendo orientados sobre a importância de uma boa higiene do sono. Além disso, a alimentação e a hidratação também desempenham papéis fundamentais no processo de recovery, possuindo um sólido respaldo científico. Em um estudo realizado por Bonilla e colaboradores em 2021, foram estabelecidos os 4R's nutricionais para uma recuperação adequada:
Reidratar (Rehydrate): processo fundamental que depende do atleta, do ambiente e do evento esportivo. A reposição adequada de líquidos é essencial para a recuperação;
Reabastecer (Refuel): o consumo de carboidratos não apenas repõe as reservas de glicogênio, mas também atende às demandas energéticas do sistema imunológico e da reparação tecidual;
Reparar (Repair): após o exercício, a ingestão de proteínas de alta qualidade e creatina auxilia no crescimento e reparo dos tecidos;
Descanso (Rest): uma nutrição adequada antes do sono tem um efeito restaurador e facilita a recuperação dos sistemas músculo esquelético, endócrino, imunológico e nervoso;
Outra modalidade de recovery amplamente discutida é a imersão em água gelada (Cold Water Immersion - CWI), que apresenta vantagens em seu favor. Vários estudos realizados com atletas demonstram que a CWI ajuda a melhorar a percepção de fadiga e reduz a sensação de desconforto muscular.
Por fim, a compressão e o recovery ativo. As botas compressivas são dispositivos que exercem compressão mecânica intermitente nos membros inferiores dos atletas, melhorando o retorno venoso e, consequentemente, a sensação de fadiga e dores musculares, promovendo uma recuperação mais eficaz.
As modalidades de recovery ativo mais utilizadas no futebol incluem o uso de bicicleta ergométrica, alongamentos, mobilidade articular e o uso do foam roller para liberação miofascial. Essas modalidades visam aumentar a circulação sanguínea e o metabolismo por meio de atividades físicas leves, proporcionando uma melhor recuperação para as atividades subsequentes de treinamento e jogos. Essas técnicas são especialmente úteis em situações de calendário congestionado, quando nem sempre é possível dar um dia de folga para os atletas se recuperarem.
Vale ressaltar que algumas técnicas de recovery estão em processo de desenvolvimento e adaptação no cenário esportivo. Portanto, é extremamente importante considerar a individualidade de cada atleta e adaptar as técnicas que eles se sintam confortáveis em realizar. O processo de recovery não deve ser encarado exclusivamente por meio das técnicas oferecidas pela fisioterapia, mas sim como uma interação entre os diversos departamentos do clube e o próprio atleta.
Referências:
ROWSSELL, G.J. et al. Effect of post-match cold-water immersion on subsequent match running performance in junior soccer players during tournament play. Journal of Sports Sciences, v. 29, n. 1, p. 1–6, jan. 2011
BONILLA, Diego A. et al. The 4R’s Framework of Nutritional Strategies for Post-Exercise Recovery: A Review with Emphasis on New Generation of Carbohydrates. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 1, p. 103, 2021. DOI: 10.3390/ijerph18010103
KELLMANN, M. et al. Recovery and Performance in Sport: Consensus Statement. International Journal of Sports Physiology and Performance, [S.l.], v. 13, p. 240-245, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1123/ijspp.2017-0759